quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Segunda (15/02), Terça (16/02) e Quarta-feira (17/02)

BONJOUR!!!
Vou começar contando minha segunda-feira, que não teve nada de mais, mas é só para ficar aqui registrado... Acordei e fui direto postar a viagem de Praga no blog, depois saí correndo já atrasada para a escola e cheguei lá uns minutinhos antes de começar a aula. Depois da aula passei no mercado e comprei 2 latinhas de feijão para fazermos no jantar. Nosso jantar foi um verdadeiro banquete: frango assado, arroz, feijão, salada e vinho! E de sobremesa... arroz de leite! Vocês não imaginam a variedade de arroz de leite que tem aqui, de todas as marcas possíveis. Mas não são muito bons não, tem gosto de industrializado mesmo...

Nosso banquete!!!

Ontem acordei cedo e as 10:30 me encontrei com a turma na plataforma Bastille para um passeio guiado com o professor pelas redondezas da Praça da Bastilha. Eu nunca tinha decido naquela estação, e adorei ver os quadros e painéis que ilustram como era a Bastilha antigamente. A Bastilha foi construída para ser uma grande fortaleza a fim de proteger o lado leste de Paris dos invasores. Depois tornou-se, no reinado do rei Luís XIII, a famosa prisão da Bastilha. Porém Luís XVI começou a enviar para lá prisioneiro aleatórios, ou seja, quem lhe desagradava ou criticava o regime (o Antigo Regime, totalmente autoritário). O maior marco da Revolução Francesa, que clamava por liberdade, igualdade e fraternidade, foi, então, a Queda da Bastilha, quando esta foi tomada de assalto pelos revolucionários enfurecidos munidos de armas retiradas do Palácio de Inválidos. Tudo aconteceu em 14 de julho de 1789 (o famoso - pelo menos aqui em Paris - 14 de juillet) quando o jornalista Camille Desmoulins espalhou a notícia de que o governo francês estava a ponto de fazer uma repressão violenta aos parisienses revoltos. A população então rumou até o Palácio dos Inválidos, pegaram armas e de lá seguiram para a Bastilha. O então governador da Bastilha, o marquês de Launay, tentou convencer os revolucionários de uma saída menos sanguinolenta, mas acabou tendo sua cabeça espetada em uma lança, que, depois, foi levada pelas ruas de Paris e mostrada como troféu e prova de sucesso da tomada da Bastilha. Não há número certo de quantas vítimas foram feitas nesta tomada da Bastilha, mas números da época falam em 98 revolucionários e apenas um defensor da Bastilha mortos. A queda da Bastilha foi essencial para os acontecimentos que vieram a seguir, entre eles, o principal, no meu modo de ver: a declaração dos direitos.

Reprodução de como era a Fortaleza/Prisão da Bastilha. Nessa imagem, a Tomada da Bastilha.




Obelisco que marca o local onde ficava a Bastilha. No entanto, este obelisco traz a data de 27/28/29 de Julho de 1830 e 250 nomes de pessoas mortas durante o reinado de Carlos X, que tentou trazer de volta o absolutismo já derrubado na Revolução Francesa.

Depois da visita à Bastilha fui direto para a aula. Saí no intervalo, pois o dia estava tão lindo, mas tão lindo (vide-se pela foto que tirei da Bastilha, acima) que me chamava para um passeio. E o lugar não poderia ser mais perfeito - peguei o metrô linha 2 e desci em Anvers, aos pés da Basílica de Sacre-Coeur. Subi aquela ruazinha típica de Montmartre, com as pessoas andando na rua, bordadas de lojinhas de souvenir e cheguei à interminável escada que leva à colina onde fica a basílica. Subi, desviando dos insuportáveis vendedores de uma pulserinha colorida que vem em tua direção querendo pegar teu pulso, e cheguei lá no topo quase tendo um ataque cardíaco, que piorou com a visão maravilhosa de tirar o fôlego!!!! Olhem isso, que vista... me dá um arrepio só de lembrar, por isso que eu amo tanto essa cidade, pela história, pelas vistas, pelos monumentos...

Vista da Basílica de Sacre Coeur, Paris.



Basílica de Sacre-Coeur, Montmartre, Paris.


Depois de dar uma voltinhas pelas redondezas da Basílica, já ia descer novamente as escadas quando vi uma multidão ao redor de alguma coisa. Me aproximei e qual foi a minha surpresa quando vi que estava tendo uma roda de capoeira bem em frente a basílica. Tinha muita gente olhando, a escadaria da igreja estava toda lotada, e as pessoas participavam batendo palma. Mais legal ainda foi o cara que comandava o "espetáculo" falando um francês extremamente aportuguesado. Olhem o vídeo que eu fiz e reparem no: MERCI, MUITO OBRIGADO, C'EST PAS FINI LE ESPETÁCULO! hahaha muito divertido!!!



Depois peguei o metrô e voltei para casa. Cheguei um pouco antes da Sofia. Tínhamos combinado de ir ver um espetáculo de música clássica na igreja de Saint-Sulpice, mas a Sofi não tinha conseguido imprimir os ingressos. A Priscila chegou um pouco depois, e decidimos que iriamos até a igreja mesmo assim, tentar entrar, já que a Sofi tinha anotado as referências dos bilhetes (mas estavamos com poucas esperanças, já que o espetáculo seria numa igreja, e igrejas geralmente não tem computador, muito menos com internet para que pudessem checar nosso número de compra).

E lá fomos nós... a Igreja Saint Sulpice fica a 3 paradas do nosso metrô, então, em menos de 10 minutos estávamos lá. Já havia uma pequena fila e logo entramos. Foi só mostrarmos os números de nossos ingressos e o bilheteiro foi muito na confiança e nos deixou entrar. Sentamos nas fileiras reservadas aos estudantes - a vista não era nada boa, mas o som chegava perfeitamente bem e podia-se ver o maestro.

O espetáculo era nada menos que a Nona Sinfonia, de Beethoven, e assistimos ao espetáculos extasiadas de tanta emoção!!! Beethoven, na Saint Sulpice, em Paris, na França!!! Meu Deus! E para completar, o maestro era super famoso, o nome dele é Hugues Reiner, já comandou até a orquestra da Armada Francesa! Bom, praticamente não há como transmitir em palavras a emoção que sentimos... eu fiquei com aquele arrepio no rosto permanente, durante todo o espetáculo (vídeo 1). E o final foi mais lindo ainda, quando levantamos dos nossos lugares e chegamos mais perto, batendo palmas sem parar, e o maestro convidou todos a cantarem junto com o coral (vídeo 2) - LAAAAAAAA LA LA LA LA LA! Vai ficar para sempre na minha lembrança...







Maestro Hugues Reiner.

Não sei se vocês repararam mas numa parte do vídeo 1 mostra um pintor muito empolgado no canto direito. Pois é, no meio do concerto, o cara começou a pintar enlouquecidamente aquela tela, acompanhando com o pincel o ritmo da sinfonia. No começo achei muito engraçado aquilo, parecia que tinha encarnado alguma coisa nele, ele estava muito empolgado. Depois fiquei pensando: Meu Deus, em que outro lugar do mundo eu veria isso a não ser em Paris?

Depois do concerto, voltamos para casa com os corações mais leves. Chegamos tão dispostas que fizemos um jantar completo, as 23:30 da noite. Arroz, chilli e linguicinhas calabresa, com vinho, é claro. Fui dormir pela uma da manhã, totalmente feliz.

Hoje acordei e o dia estava chuvoso. Tomei banho, me arrumei e esperei a Priscila acordar para fazermos o almoço. Cozinhamos um omelete e esquentamos o chili e o arroz. Depois esperamos Sofia chegar, e as duas e meia saímos de casa em direção a praça Denfert-Rochereau, que é no final da rua Daguerre, muito perto do nosso apartamento.

Lá estão as Catacumbas de Paris. Que show que foi!!! As catacumbas foram construídas porque os cemitérios de Paris, na época (século 18), já estavam lotados. Calcula-se que lá estejam os restos mortais (só os ossos, bem dizendo) de 5 a 6 milhões de pessoas. As catacumbas de Paris são tão famosas que já foram citada em livros como "O Pêndulo de Foucault", de Umberto Eco, em que ele faz alusão de que lá esteja guardado um pergaminho dos Cavaleiros Templários. As catacumbas são visitadas desde há muito tempo - em suas paredes há painéis em que mostram figuras de mulheres com aqueles vestidões enormes, conhecendo as catacumbas segurando velas!!! Nós não conseguimos imaginar como elas conseguiam passar pelas escadarias apertadíssimas com aqueles vestidos enormes, e nem como não achavam o programa ainda mais mórbido à luz de velas... mas desde sempre houve gosto para tudo, né??? Napoleão também já visitou as catacumbas, mas acredito que daí já devia ser um pouquinho só mais moderno.
O passeio realmente é muito macabro, mas vale a pena, pois é algo totalmente diferente dos monumentos suntuosos e esplendorosos de Paris. E o mais legal são as centenas de inscrições em pedra, com frases sobre a vida e, principalmente, sobre a morte. Vou colocar algumas aqui:

Os labirintos escuros das catacumbas...



Reparem no desenho extremamente mórbido feito com os crânios - eles formam um coração.
E umas frases muito legais:
"Ou est elle la mort? Toujours future ou pasée. Apeine est-elle presente, que deja elle n'est plus."
Tradução: Onde está ela, a morte? Sempre será futuro ou passado. Quando ela é presente, já não é mais.

"Croyez que chaque jour est pour vous le dernier." - Horace.
Tradução: Crê que cada dia é para ti o último - Horácio.
"Heureux celui qui a toujours devant de les yeux l'heure de sa mort et qui se dispose tous le jours a mourir."
Tradução: Feliz é aquele que tem todos os dias em frente a seus olhos a hora de sua morte e que se dispõe todos os dias a morrer.
Depois do passeio às catacumbas, Priscila seguiu para o trabalho e eu e Sofia fomos até o Museu Europeu de Fotografia, que fica no bairro de Marais, em Paris. Pegamos uma fila enorme porque hoje a entrada do museu era gratuita para todos. Mas valeu muito a pena porque lá dentro tinham várias exposições, e eu me apaixonei por um fotógrafo em especial - o nome dele é Elliot Erwitt e abaixo vou colocar a foto que eu mais gostei da exposição dele:
Olhem que foto mais linda!!!! Isso quando não existia photoshop, montagem, nem nada disso - a foto foi tirada em 1953, na California. Esse mesmo fotógrafo registrou também muitas pessoas famosas como Marilyn Monroe, Che Guevara (éca), Jackeline Kennedy, e até mesmo Barack Obama. Na exposição de fotos dele também há muitas fotos de Brasília, no ínicio dos anos 60, ou seja, logo após o nascimento da cidade.
É dele também aquela famosa foto, que tanto ilustra as páginas dos livros de história ao falar sobre a segregação negra nos Estados Unidos. Quem não lembra da foto que mostrava o bebedouro dos brancos (super moderno para época) e a pia suja para beber água dos negros - mas o efeito da foto está em mostrar o cano da água, o mesmo para ambas as raças.
Eu amei todas as fotos desse fotógrafo, uma mais criativa e carregada de mensagem do que a outra, mas há outras duas que também me chamaram a atenção... Uma por ser extremamente linda, a mãe com o bebê, um olhando para o outro, e o gato olhando para o momento dos dois. E a outra por ser histórica, Jackeline Kennedy abraçada à bandeira americana em pleno velório de seu marido.
Para quem gostou das fotografias, o site do fotógrafo é http://www.elliotterwitt.com/ - Tem várias outras fotos perfeitas, uma mais legal que a outra, vale muito a pena ver. Também é legal a sessão PORTFOLIOS o link FLICKS que são tipo videozinhos formados por fotos tiradas em seqüência.

Depois da visita ao museu fui direto à Gare du Nord, pegar minha passagem de trem para Bruxelas. Acho que todos vocês ficaram sabendo do terrível acidente entre dois trens que se bateram de frente nos arredores de Bruxelas e deixaram 18 mortos e outros inúmeros feridos. Pois então, lá fiquei sabendo que todos os trens para Bélgica, pelo menos até sexta-feira, foram cancelados. Então estou rezando para que o serviço se normalize até segunda-feira, data da minha viagem. Senão, só Deus sabe o que vou ter que fazer para conseguir chegar naquele país...
Acabei jantando comida chinesa, que estava ótima, e tomando vinho com as gurias. Tomara que amanhã esteja um dia lindo!!! Quero viver Paris, respirar Paris, aproveitar esses últimos diazinhos na cidade mais linda e perfeita do mundo!!!
Beijos e... continuem comentando! Amo vocês!!!!!

4 comentários:

Unknown disse...

Que coisa mais linda, maravilhosa, divina e absoluta que foi a descrição destes passeios!!!! Ameiii!! Imagino o dia lindo e de céu azul na Sacre Coeur, como naquele dia que lá fomos visitar a Catedral e comprar as lembrancinhas, só que desta vez, era só vc e seus pensamentos, é muita felicidade desfrutar destes momentos!!!
E felicidade maior ainda é fechar o dia com a 9° Sinfonia de Beethowen,Orquestra e Coral (adorei os 2 videos!!!) e imagino a emoção de pintar ao som da Sinfonia naquela Catedral belíssima!!!
E as Catacumbas de paris?! Que coisa hein?! Horripilante e curioso.
Adorei as fotos que vc clicou no Museu da Fotografia, adoro fotos e acho que elas marcam os momentos para sempre!!!
Te amooo filhinhaaa amada!!!!
Beijão.

Paulo Bandeira disse...

Oi Prince! Hoje irei me a ter na forma do conteúdo! Como escreves maravilhosamente bem! Texto leve, enxuto, com emoção, vibrante a cada virgula e exclamação! Consegues transportar aos leitores toda a emoção que vivenciaste! És uma escritora nata, não esqueça disso! Um grande beijo! Paulo.

edussguara disse...

Adorei

edussguara disse...

adorei